segunda-feira, 16 de julho de 2012

A Relação Ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa para o aluno surdo

                                                                                                  Patrícia Mª P. S. D’Ávila Pires

O ensino da Língua Portuguesa como segunda língua (L2) para Surdos emerge de um novo cenário que se predispõe a discutir constantemente esse ensino na busca de alternativas que permitam ao surdo usufruir do seu direito de aprender com igualdade, lembrando que para ser igual é preciso, antes de tudo, ser diferente especialmente no caso dos surdos. 

                                            Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza.
                                            Temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos des-
                                            caracteriza. As pessoas querem ser iguais, mas querem respei-
                                            tadas suas diferenças.(BOAVEN TURA SANTOS) 

Desse modo, concebo que o conteúdo de L2 deva ser trabalhado quando o aluno possuir domínio pleno da língua materna (L1), que nesse caso é Libras . Para que o surdo tenha as mesmas oportunidades de ensino, de acesso aos mesmos conteúdos precisa , primeiramente, preencher quesitos que não fizeram parte do seu contexto, uma vez que não adquire a língua oral naturalmente como o ouvinte. 

Numa perspectiva sociointeracional, parte-se do conhecimento prévio do aluno para aos poucos o conduz à competência linguística, posteriormente, à competência comunicativa e discursiva, fase alcançada apenas partindo do respeito à diferença. Segundo PCN de Língua Estrangeira (L.E.), “aprender línguas significa aprender o conhecimento e o seu uso, ou seja, devem vir juntos no processo de ensinar e aprender línguas”. Assim, o ensino da Língua Portuguesa para o Surdo, necessariamente, deve partir da metodologia de ensino de segunda língua (L2), essa perspectiva propõe a substituição da língua portuguesa como língua materna pela língua portuguesa como L2.

O professor de Língua Portuguesa para Surdo deve ter a clareza de que essa língua não é uma língua estrangeira, mas a metodologia de ensino será a mesma de L.E. . Separando-se, contudo uma metodologia de ensino para língua oral e uma metodologia de ensino para a língua escrita. Para o ensino da Língua Portuguesa como L2 exige-se que o professor conheça bem a organização e a estrutura dessa língua, além da metodologia de ensino da língua estrangeira. As aulas devem ser planejadas conjuntamente entre professor da classe comum e o professor do Atendimento Educacional Especializado – AEE. Sabe-se que o ensino da L2 para o Surdo deve ter um caráter eminentemente comunicativo que garanta o acesso às informações e ao lazer.

Portanto, deve-se partir do texto para a gramática, conforme orienta o PCN, que sugere ainda, que o texto seja o recurso de análise e síntese, variando tipos e gêneros. A utilização de recursos visuais é indispensável para a compreensão da Língua Portuguesa, acompanhados de uma exploração contextual do conteúdo a ser estudado. Para garantir aprendizagem da Língua Portuguesa como L2 é preciso que o professor conheça a LIBRAS, incentive, constantemente, o aluno a enfrentar os desafios. 

Diante disso, o processo avaliativo deve ser voltado à construção da aprendizagem significativa, não apenas a verificação do nível de proficiência. Necessita enfatizar, portanto, o processo de avaliação formativa, interativa que reflita necessariamente, o comportamento dos alunos, dos professores, pais e sociedade e que avalie coerentemente com foco no que foi ensinado e aprendido.

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